Curioso. Meus últimos post têm a ver com Correios, mensagens, cartas. Pois, eis que entro no capítulo três do livro Bom dia, angústia! (assim, exclamando mesmo) e dou de óculos com o título A correspondência. Avanço um pouco mais nos "dizeres" e percebo que o texto já valeria a obra toda. Viajei para uma sala grande, de pé direito altíssimo, lotada de envelopes de todas as espessuras e papéis. De um monte de nomes e endereços ainda escritos à mão, destinados a rodar o mundo. Quantas histórias embaladas, seladas, carimbadas! Quantas seriam de alegria ou tristeza? Quantas de amor ou saudade? Quantas não seriam lidas pelos destinatários?
Sabe quando o prazer na obra é tanto, que a gente quase se apropria do que foi lido/visto/ouvido/tocado/degustado? Obrigada André Comte-Sponville. Um dia lhe conto, por carta, o que você me deu com A correspondência.
Sabe quando o prazer na obra é tanto, que a gente quase se apropria do que foi lido/visto/ouvido/tocado/degustado? Obrigada André Comte-Sponville. Um dia lhe conto, por carta, o que você me deu com A correspondência.
Dois trechos de A correspondência: "escreve-se no âmago do silêncio, aonde a fala quase não vai. Escreve-se onde se vive, onde se está o mais próximo de si e do outro". "Por que se escreve uma carta? Para habitar juntos a essencial solidão, a essencial separação, a essencial e comum fragilidade".
Ps: foto feita em La Boca, Buenos Aires.