Gosto de conversar com os colegas, para ouvir o que eles trazem das pautas, das ruas, das esquinas, da gente ordinária. Esse diálogo que reproduzo aqui foi da colega Tânia Passos e um motorista de Kombi (que não posso citar o nome porque comprometeria o cidadão). Ele trabalha levando e buscando a mão-de-obra dos hotéis, pousadas, restaurantes e bares de Muro Alto, Porto de Galinhas e outros destinos abastados do turismo da cidade de Ipojuca (que só perde para o Recife em arrecadacão de Pernambuco. São 32 milhões, por mês). Segundo Passos, ainda assim, há uma carência danada de transporte para esse pessoal, que se reveza em dias de viagens. Bom, foi mais ou menos assim a conversa:
- "O senhor é o dono dessa Kombi?"
- "Sou eu o dono sim. Por que a senhora tá perguntando isso?"
- "Nada demais não".
- "Foi, eu comprei com o dinheiro das contas que eu peguei quando deixei de trabalhar num engenho no interior".
- "E o senhor sabe ler?"
- "Sei".
- "E o que tá escrito no vidro da Kombi?", falou Tânia, apontando para o adesivo "Deus é fiel".
- "Jesus pode mudar a sua vida".
- "Não é isso não. O senhor sabe escrever o seu nome?"
- "Mais ou menos".
- "Como foi que o senhor tirou a carteira de motorista?"
- "Eu não tirei. Eu trabalho sem ela. Mas a senhora não vai botar isso aí na matéria não, né?"
Ps: antes que o leitor do blog sinta falta da cedilha e me encaminhe ao EJA - como mereceria o motorista de Ipojuca - devo dizer que ainda não aprendi esse comando no teclado em inglês. Alguém se habilita a me dar essa aula?
quinta-feira, 18 de dezembro de 2008
Em nome do pai, do filho e da alfabetizacão
Marcadores:
analfabeto,
Kombi,
mão-de-obra,
renda,
Trabalho,
transporte
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
eu ja ensinei. é option + C.
Postar um comentário