sábado, 28 de fevereiro de 2009

Nem trocado, nem bolacha


Jean e Janaína eu conheci no Galo da Madrugada, no Recife. Vi os dois em cima da carroça, em frente justamente ao casarão reformado para ser a sede do bloco de carnaval. Era a esquina da Rua da Concórdia com outra via de que não lembro do nome. Pertinho da Praça Sérgio Loreto. Relógio marcando 11h e poucos. A multidão e o calor já eram desafiadores demais para as crianças. Puxei assunto com os dois, que ajudavam o pai a recolher latinhas de bebidas e outros recicláveis no meio da muvuca (a gente "naturaliza" o prejuízo do trabalho infantil no meio da folia, né?). Foi um contato rápido, porque eu tinha que correr na dianteira dos foliões, para esperar o desfile na apoteose, na Avenida Guararapes. Rápido, mas bastante para me chacoalhar. Os meninos não haviam comido no dia. Janaína pintou o próprio rosto feito o palhaço e Jean sorria para mim. O que eu tinha na pochete (trocados e bolachas) não retribuía a alegria deles dois, teimosa com a fome.  

Um comentário:

Anônimo disse...

Nas praias, nos circos, nos palcos tem mais crianças trabalhando e a gente nem se dá conta. Pior ainda é quando elas estão em aterros sanitários, carroças e sinais. Como é que se muda isso hein?