domingo, 1 de fevereiro de 2009

Quem de nós dois?

Distante em corpo e alma da crise dos "esteites", o ambulante vende guarda-chuva, cortador de unhas, Prestobarba, isqueiro, pilha e outros artigos da China, no Centro do Recife. Um guarda-sol preto protege a mercadoria. Não sei do nome dele. Nunca comprei nada a ele. Fica invisível ao pé da Ponte Maurício de Nassau, onde mantém o ponto há pelo menos 12 anos. Digo há pelo menos 12 anos porque é nesse mesmo tanto de tempo que passo diante dele. Está na paisagem da minha rotina de trabalho. De segunda a sexta-feira, senta num tamborete, à espera do freguês. Tem pouca altura e barriga. Então, uma curiosidade da sexta-feira passada: se ficássemos um de frente para outro, eu e o ambulante, quem contaria mais histórias? Quem fez mais naqueles 12 anos? Quem sentiu a vida atravessar a ponte menos invisível?
Ps: a ponte leva a gente da Rua Marquês de Olinda à Rua Primeiro de Março e ao bairro de Santo Antônio. É primeira de grande porte feita no Brasil e a mais antiga da América Latina. Foi construída entre 1640 e 1643, ano da inauguração.

Um comentário:

Patricia Melo disse...

As obras para construção da ponte foram interrompidas por falta de recursos. Daí o descrédito da população àquela época, que chegou a dizer "é mais fácil um boi voar do que a ponte ser concluída." Indignado com a provacaçåo, o conde pediu dinheiro emprestado e terminou as obras da ponte. Para arrecadar dinheiro e poder pagar as dívidas aos credores, teve a idéia de fazer a festa de inauguração anunciando que quem lá fosse iria ver um boi voar de um lado para o outro da ponte. A festa foi paga. Foi assim que ele pagou o empréstimo e o povo ainda viu um boi voar.